NOTA TELEGRÁFICA 10

05/01/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

quando senti o cheiro da mirra. acabado de chegar de terras astrais. escutei uma flauta doce enquanto o céu se tornava amarelo. os olhos amarelos das serpentes encantavam os arredores do caminho. durante a noite se via estrelas a despencar sob nossas cabeças. as chuvas azuis. as mais abundantes desde o nascimento das cores. e por aí alguns alquimistas distribuíam mapas de caminhos ainda nunca percorridos. me contava um mago do brasil que às duas da manhã seguiria mais uma viagem do magic bus. outra vez essa estória do Nepal. esperei raiar o crepúsculo. o embarque foi facilitado pelo cheiro. de mirra. ouça. os cheiros nos trazem mundos novos. após noites de viagem. os desertos apresentavam-se como a melhor morada. andei por léguas solitário enquanto os calendários se perdiam. tudo isso aconteceu sob os olhares insuspeitos do mestre que conheci no caminho para compostela. chegado de lá. lhe devolvo a mirra que me acompanhou toda a peregrinação. e a garrafa onde enviaste suas notas. nunca irei desarrolhar esse segredo. para que o caminho se mantenha agradavelmente com sua fragrância. e dizem que existem mapas para o amor. todos ainda não escritos suponho, alquimisticamente.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Silêncio // Foto de: Allan Gradilla // Sem alterações

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